vós, os outros .


tenho apêndices que vagueiam por este mundo, que nem cães danados. amo-os a todos, e de tanto amar o meu cérebro virou mar. ~ os apêndices são assim, qualquer coisa de ruim. eu sou o apêndice de quem me ama. fim ~

~ virou mar, água que os cães bebem sofregamente. 
crescer:
desenvolvimento de partículas
experimentais flutuantes,
apêndices de cada ser.

visão particular que cada
retina retém da projecção de algo.
criação mental: visão Divina.

preto. branco. cinzento.
pseudo-desenvolvimento da massa
craniana que o Homem trocou,
pelo holofote que o amaldiçoou.

olhar, ver, contemplar
rugas.
excessos de pele que revestem as vísceras,
histórias vincadas em nosso corpo ~amor.

~ tem muito que dizer, hun?

que a libertação comece!

o futuro não está nas tuas mãos,
está nos olhos de quem lê
a profetização sagrada do ruído que,
fez-se futuro do ontem e pai do amanhã !!
depois do futuro não há vida,
sê bandido, rouba tempo ao futuro!

mãe, quero ir para casa ~

nao é "essa" casa:
é a casa onde os anjos vivem e o vento dança.
onde os lábios se serram e as lágrimas falam.
onde as mãos sentem e os olhos arranham,
onde os corpos bailam e suam de prazer.
quero ir para casa, para a Nossa casa.
é essa a "Casa."





"Casa" é onde o coração está e o meu, atravessou o atlântico para se perder no silêncio .

verás que ,

no fim, a consciência apodrece ,
os vermes comem-na ! e a terra que te pariu ,
essa , ficará aqui .

e eles ? ELES , ( os teus ) irão vivê-la por ti ~


F I M .




paz ,  e amor (?) .

carpe diem - dizes tu !

até podias ser feliz . agora queima, queiima - te enquanto choro por ti rios que não apagam o fogo - dos teus labios na minha memória - que aquece - nos . ardes na fogueira de um todo que não sou eu nem és tu . bisturi , esventras aquilo que te dou . sangue , suor e lágrimas  , foge ,  mas nao morre porque eu não te esqueci . vive a invicta ,  que ela te pertence ! mais do que alguma vez - eu - pertenci .

Ânsia

Mãos grandiosas,
Fruto meu.
Que abraças-me tão sofregamente,
Que me levas do pé da minha gente,
E, na solidão me abandonas.
Porque o fazes?
Só eu sei: ingenuamente.

Circumnavigating .

All my addictions vibrating
Around my mind;
Are getting me down,
Not getting me high.

No other drug to use,
Except this love i feel,
And I am being abused,
By You my dear.

No, no tears!

.

No fim tu morres.

~Fim.

Egoísta

Porque eu não sou tu,
E tu não és eu.
Porque queria que fosses mais como eu,
E eu menos como tu,
Digo-te para fugirmos
Para o deserto de Deus
Onde lá, encontrar-nos-emos
Eu e Tu, nós
Tu e Eu, a sós.

Moleskine ~

É escrevinhando neste papel,
Que Eu sou Eu,
Sob o olhar de Eu,
Da maneira que Deus entendeu.

Fugaz

Como o Sol brilha
Neste inverno pecaminoso!
Onde tudo cristaliza e gela,
Eu devo ser criminoso,
Por roubar este momento
e, guarda-lo aqui junto de ti,
Num lugar onde só há fantasia
e, onde só eu sou feliz.

Um rio.

Choro.
Por tudo o que disse,
Por tudo o que quis dizer.
O que disse,
Disse-o sem saber.
E se o digo agora,
É porque estou a sofrer.
Tenho-o dito.

Santa Maria Maior

Vagueio pela cidade em ruínas,
Sinto o crepúsculo a me beijar.
Os velhos prédios contam-me historias
Que mais ninguem sabe contar.
As árvores gigantescas fazem do vento melodia,
Que não temo em dançar.
Na companhia da maresia,
O Sol vinca as rugas dos filhos do mar.

Haverá algo melhor
Que observar o esquecer do tempo?
Sim?!
Viver no esquecimento.

Pôr-do-Sol

O Sol vai-se embora
Para mais tarde voltar?!
Quem o diz?
Digo eu.
Porque quem algo amou,
Já sofreu.

É a luz do Sol que aquece,
Este meu interior que apodrece
Escuro como breu
De memórias de quem esqueceu.

Esqueci o sabor do Sol
Esqueci o que não vivi,
Esqueci o calor do amor,
Esqueci-me de Ti.

Deixa-me!

Os teus lábios,
As tuas mãos.
Os teus beijos,
O teu toque.
A tua essência,
Atormentam os meus pensamentos.

O refúgio .

(Escrevo este texto -carta- na pele de Panah, um rapaz de 13 anos que vive num campo de refugiados no Iraque, desde que os seus pais foram mortos num bombardeamento.)

Querido Sacha,
Escrevo-te para encher o vazio que há dentro de mim. Desde que partiste, a solidão tem sido a minha, melhor amiga, nomeio do nada que se instalou aqui. Vejo crianças a chorarem, algumas até de armas na mão; vejo luzes ofuscantes a serem abafadas por grandes nuvens de fumo; oiço barulhos enssurcedores; gritos; oiço o diabo a rir-se; oiço anjos a gemerem de dor...
Há sangue por todo o lado, até parece uma pintura surreal. O pátio verdinho com flores, que cheirava sempre a Primavera já não existe e a casa bege que parecia saída de um conto de fadas também não; agora, só as ruínas podem contar a historia dos belos tempos que passávamos em minha casa.
Estou rodeado de pessoas barulhentas, imundas, doentes, pessoas que somente carregam consigo um olhar de tristeza, magoa, raiva; devemos ser no total uns duzentos, neste cubículo, que seu eu o visse outrora diria que nem de galinheiro serviria...
Escrevo para me libertar destes fantasmas que me acompanham; para me libertar destes demónios. escrevo porque a escrita alimenta os meus míseros sonhos, porque ela é o meu refugio. Escrevo-te, porque tu és hoje tudo o que eu, um dia quis ser.
Míseros sonhos, digo eu... às vezes ponho-me a divagar como será isso aí em Londres e quando dou por mim estou a sonhar; um dia sou um médico bem sucedido, outro dia sou um advogado de respeito, noutro um jornalista de renome, mas nunca Panah, um rapaz a quem os olhos já não brilham, um rapaz imundo, que outrora cheirava a Primavera mas que agora só tresanda a morte!
Meu amigo deixo-te assim, com uma pincelada negra do que aqui vivo; não te posso escrever mais, as folhas são escassas e a caneta já me falha.

Beijo, Panah

Versos Passados

"Minha poesia é memória,
De Paixão, que outrora foi quente,
Mas que agora,
Em mim,
Já nada acende."
Luísa Brito

Uma página de História

"Memórias de nada!
Memórias de um todo,
Que não me preenchem.
Memórias vagas,
Letras flutuantes,
Traços hesitantes.
Memórias que tatuaste em mim,
Memórias que pintei de negro,
Memórias de nada.
Memórias cruas,
Memórias TUAS."
Luísa Brito

Fragrância I

"Da passagem suave da tua mão pelo meu corpo,
Apenas ficou este sentimento gélido,
Esta ferida que já não me magoa,
Esta lágrima petrificada.
Ficou o teu perfume,
Que ainda tresanda em mim.
Ficaram sentimentos,
Que na verdade não o são,
E simplesmente se desvanecem,
Com um sopro dos teus lábios,
Nos meus." Luisa Brito